quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cotidiano

Cena 1:

Ele chega cansado. Reclama que está morto e que o dia foi extenuante.
Ela recosta-se no sofá. Está desembaraçando linha de crochê.
De rabo de olho ela observa o marido deitado no outro sofá. Comenta:

- Por que você já não toma um banho e vai deitar na cama pra dormir?
- Vou ficar aqui com você.
- Mas você já está quase dormindo! Toma seu banho e já deita logo pra dormir. Senão vai dormir no sofá todo torto.
- Tá maluca?

Passam-se alguns minutos. Talvez 5, talvez 10. A esposa escuta o ronco. Nem se dá ao trabalho de olhar. Deve ser maluquice da sua cabeça. Termina sua tarefa. Levanta-se, toma banho e vai dormir.

Cena 2:

Levantam-se pela manhã. O bebê ainda dorme.
Ela prepara o café, ele vai cuidar dos animais.
Cuidadosa ela repete a rotina: prato, pires, xícara, colher de chá, garfo e faca para ambos.
Mesa posta, ela vai acordar o bebê. De passagem pela sala percebe que a manteiga não está no lugar que havia deixado. Imagina que o marido deve ter mexido e não dá muita importância.

Bebê arrumado para escola, todos sentam-se à mesa. Ele procura uma colher para mexer o café. Ela, espantada, afirma veementemente que a colher deveria estar lá. Ele diz que não. Ele pega a colher dela emprestada. Ela procura por toda a mesa. Ela se lembra da manteiga fora do lugar.

Ela:
- Você deve ter usado a colher para alguma coisa. A manteiga não estava aqui.
Ele:
- Estava sim. Eu tirei agora pra pegar o achocolatado.
Ela:
- Não, amor... ela já estava fora do lugar.
Ele:
- Não estava não. Acabei de tirar a manteiga daqui.
Ela levanta-se, vai até a cozinha e descobre a colher no escorredor de talheres. E volta:
- Você usou a colher para pegar aveia. A lata de aveia estava sob o pote de manteiga.
Ele:
- Ah é... agora me lembro.

Moral da história: 
Não existe. É apenas para me resguardar caso haja dúvidas a respeito da minha sanidade mental.

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