quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O QUE EU VIM FAZER AQUI?

Já dizia CROM (o Deus do Aço, aquele pelo qual levamos ferro): SE TIVERES QUE TE FODER...TE FODERÁS! Um dos seguidores mais conhecidos da doutrina de CROM foi o DR. Murphy, que andou fazendo umas experiências com fatias de pão com manteiga e filas de banco...mas enfim, vamos ao que interessa.

Patroa estava a fim de fazer um fuá sem motivo lá em residência, ou seja, chamar uns amigos pra comer uma galinhada e no mesmo dia eu tinha combinado com um amigo uma trilha de moto, saindo aqui de casa até uma fazenda de turismo rural do outro lado do morro que temos como vista da nossa varanda. Passeio aparentemente "light", só tendo como complicador a travessia de um pequeno córrego que divide nosso condomínio da referida fazenda. Tanto que garanti que retornaria antes do almoço, lá pelas 13h.

Bom, meu amigo enrolou e só foi aparecer lá em resi umas 10h... mas beleza... é aqui do lado mesmo...lá de casa dá até pra ver a trilha que passaríamos, morro acima... U-hu..vamos nessa! Saímos de residência umas 10h40, e rapidinho chegamos no indigitado córrego que seria cruzado facilmente pelos cavaleiros sobre duas roda, uma vez que o nível da água estava bem baixo já que não chove decentemente há meses na nossa quebrada!

Ok, lá vamos nós... entramos no córrego por uma descida suave e começamos a percorrê-lo, por entre o curso d'água, os leitos de cascalho e os eventuais afloramentos rochosos que apareciam, mas nada muito complicado... até divertido pra falar a verdade... tanto que amigo se empolgou e sentou a mão num trecho raso, mas no caminho dele tinha uma pedra: uma daquelas roliças, não muito grandes mas cheias de lodo, no fundo do rio... caprichosamente colocadas por CROM para fazer girar a roda dos acontecimentos que regem o misterioso universo humano.

Ops, voltando pra realidade... PAF!... amigo caiu dentro do rio...beleza, tombo besta, divertido, riozinho baixo... entretanto uma gota de água de tamanho caralhesimal entrou onde não devia, dentro da complexa engrenagem elétrica da moto de amigo fazendo com que essa relutasse em ligar novamente!

Estava sem relógio mas imagino que ficamos umas duas horas tentando de tudo pra fazer a moto pegar, dando no kick, tentando a partida elétrica (sim, a moto de amigo, tem as duas possibilidades de acionamento), trocando a bateria dele com a da minha moto, fazendo chupeta... enfim... nada de funcionar. Resolvemos então empurrar a moto rio abaixo até o ponto onde sairíamos do outro lado, uma descida suave no barranco da margem oposta, já na tal fazenda, uns 150 metros abaixo.

Apesar de não haver obstáculos, empurrar moto com toda aquela indumentária de trilha, dentro de um córrego é deveras cansativo.

Chegando nesse ponto, precisávamos de uma corda pra rebocar a moto de amigo. Como não tínhamos uma resolvi subir o morro e ir procurar ajuda com outros trilheiros que estavam na área (estava tendo um encontro de trilheiros na tal fazenda, um dos motivos da nossa aventura). Saí à procura e logo falei com uns caras que concordaram em ajudar...foram buscar uma corda e fomos resgatar amigo. Chegando lá, amarraram a moto dele numa das motos e o resto do pessoal ajudou a empurrar...opa! Beleza... pelo menos fora do rio nós estamos.

Como tinha mais gente pra ajudar, ou seja, fazer força no tal do kick start (o que sinceramente é uma das tarefas mais árduas no trail, dependendo do local onde vc deixou a moto morrer!), conseguiram fazer a moto pegar... maravilha! Agora começa a diversão... vamos nessa!

Subimos o morro e quando chegamos no topo, o pessoal ficou parado. Eu então apontei a direção de onde tínhamos passado e comecei a descer do outro lado... mas logo olhei pra traz e não vi ninguém. Voltei e percebi que os outros motocas tinham ido pro outro lado pra passar em outras trilhas, imaginando que amigo estava com eles. Fui atrás...segui o grupo por um bom tempo até descobrir que amigo não estava no meio.

Pausa: o que aconteceu? Na verdade, quando amigo chegou no topo do morro a moto morreu de novo...ele me viu indo pra um lado e os demais motocas descendo por outro...e ficou sozinho. Resolveu descer pela mesma trilha que havíamos acabado de passar pra fazer a moto pegar no tranco: NADA! E o pior é que enfiou a bosta da moto numa grota meio íngreme. Deixou a moto lá e ficou esperando até que alguém aparecesse... como eu estava numa trilha e os demais estavam em outra, cada vez que ele corria pra uma trilha, os outros (ou eu) passávamos pela outra e não conseguia pedir ajuda para ninguém!

Voltando: desci o morro e fui até a sede da fazenda ver se ele não tinha passado por lá... falei com algumas pessoas mas nada de amigo. Então voltei pro início, lá na beira do rio, onde o tinha visto pela última vez... ao voltar encontrei-o, já cansado de tanto correr atrás de motoqueiro, morro acima, morro abaixo.

Ok, vamos rebocar a moto... e você acha que era assim fácil...a buraqueira era tão inclinada que mal avançamos 10 metros morro acima... e a má sorte foi tanta que de tanto forçar a minha moto na tarefa de reboque acabei queimando a embreagem... agora fodeu! DUAS MOTOS QUEBRADAS, NO MEIO DO NADA!

Achamos que os outros trilheiros iriam passar por ali de novo e nos ver mas nada... mais algumas horas de empurra-moto e caminhada com toda indumentária de trilha e sob uma "lua" de 35º C até que passou alguém e eu pedi carona até a sede da fazenda...não tem jeito: VAMOS TER QUE ACIONAR O RESGATE!

A essa altura do campeonato, patroa e os amigos já tinha almoçado e estavam tomando cerva na varanda e tentando imaginar onde estávamos. Quando liguei, ela ficou aliviada e falou: "Bom, agora que sei que vocês estão bem, vou beber!".

Dois outros amigos foram lá na fazenda nos resgatar com uma pick-up e pra completar, amigo (o da moto quebrada e também dono da pick-up) bateu em outro carro ao tentar uma ultrapassagem "temerária", numa curva, chão de cascalho meio molhado de chuva, com duas motos e um mané (no caso eu) na carroceria, porque a lotação interna tinha se esgotado!

Balanço: saímos 10h40 e chegamos 17h40, ou seja 7 horas de sofrimento, sem comida e a água que levamos acabou lá pelas 14h. A fadiga física não preciso nem comentar. Lá em casa alguns amigos já tinham até ido embora, ou seja, perdi o evento que patroa organizou! Preju para amigo de R$2.700,00 do conserto do carro batido e vai saber quanto mais pela bosta da moto que bebeu água e para mim de R$240,00 pelo jogo de embreagem novo e mais um tanto de uma caixa de ferramentas que eu acabei perdendo por lá. E o gran finale: pra complicar eu estava fazendo um tratamento e não podia beber... o que me faz remeter ao início:O QUE EU VIM FAZER AQUI?

ass: MARIDO.

Em tempo: como já tinha passado da hora de tomar o remédio, resolvi chutar o balde: tomei uma cerva!

Nenhum comentário: